Se tem filhos pequenos é bem provável que ainda acreditem no Pai Natal.
Na nossa cultura esta fantasia ocupa, de facto um lugar considerável na primeira infância, fazendo com que a “chegada” do Pai Natal seja vivida com muita expectativa.
Um velhinho de barbas brancas, simpático, generoso, que distribui felicidade pelas crianças de todo o mundo, a troco de nada… Transmite inequivocamente uma poderosa mensagem de amor, mas… Será positiva?
À partida diríamos que sim, todavia existem exceções! Temos por exemplo os pais que se preocupam desde muito cedo com o pensamento crítico dos filhos: Numa única noite, um velhinho entrega milhões de presentes a crianças do mundo inteiro! Convenhamos… Pedir às crianças que acreditem nisto pode parecer um convite à candura, à credulidade e ao excesso de fantasia.
E depois há ainda a questão da mentira: o facto é que estamos a iludir as crianças. Tal pode significar que se sintam enganadas, zangadas e desiludidas, quando descobrem a verdade.
Finalmente, há uma questão de gratidão, o risco de que as crianças percam o sentimento de agradecimento por quem lhes deu os presentes, que (muitas vezes) tanto custaram a ganhar.
As crianças acreditam no Pai Natal em função da idade e são mais propensas a acreditar se forem incentivadas pelos seus pais. Curiosamente estas crenças parecem não ser um sinal de maior ingenuidade, nem significam que essas crianças sejam mais propícias à fantasia.
Estudos levados a cabo na Universidade de Harvard (Harris et al 2006) revelam que as crianças fazem distinções claras entre folclore, personagens do mundo da fantasia e crenças em entidades invisíveis, mas cientificamente provadas. Por exemplo, crianças que afirmavam acreditar no Pai Natal, eram apesar disso, menos seguras sobre a sua existência real e humana, do que sobre a existência de germes ou do oxigénio.
Outras experiências (Rosengren e Hickling, 1994) revelaram que crianças de quatro anos, no que se refere a acontecimentos do mundo real, apenas recorrem a explicações mágicas quando se torna impossível justificar de modo natural.
A fantasia é importante e necessária para o desenvolvimento saudável da criança. Ela estimula a imaginação, a capacidade criativa e potencia o desenvolvimento intelectual. É através do faz-de-conta que a criança aprende a entender o ponto de vista do outro e a desenvolver habilidades na resolução de problemas.
Naturalmente, com o amadurecimento posterior, a criança vai descobrindo o mundo real. É esperado que por volta dos 6 ou 7 anos, esta fase se vá dissipando, à medida que as crianças começam a desenvolver cada vez mais o pensamento lógico e racional.
A maioria das crianças vai descobrindo por si, através de comentários da família, dos amigos e de diversas situações sociais, que afinal o Pai Natal não existe. Algumas têm a “coragem” de colocar a questão aos pais. Uma boa resposta é devolver a pergunta: "O que é que tu achas?" Se a criança disser: "Eu acho que ele não existe", é porque já está preparada para isso.
Algumas crianças poderão ficar um pouco incomodadas com a revelação, mas em pesquisas que incluíam entrevistas a centenas de crianças, nenhuma delas relatou ter ficado zangada com os seus pais quando descobriram a verdade sobre o Pai Natal (Condry 1987).
Noutro estudo foram também efetuadas entrevistas aos pais para avaliar as reações das crianças quando descobriram a verdade. Os pais relataram reações predominantemente positivos sobre a descoberta da verdade. Surpreendentemente foram os pais - não as crianças - que afirmavam sentir-se um pouco tristes (Anderson e Prentice, 1994; Cyr 2002).
Ressentimentos que podem surgir são, aliás, em crianças mais velhas, cujo corte entre a fantasia e a realidade não se deu na altura certa, prolongando a 'crença' para lá do tempo natural. Há uma grande diferença entre fantasia e engano.
Sugerimos assim que, quando a criança transmitir que se sente preparada para falar sobre isso é importante explicar a verdade sobre o simbolismo deste personagem – a bondade, generosidade, amor, partilha, compreensão para com o outro.
Há que dar tempo à criança para se construir internamente, a seu tempo vai perceber o simbolismo desta imagem e que os pais têm um papel essencial neste processo.
Já dizia o poeta“o sonho comanda a vida e quando o Homem sonha o mundo pula e avança”… Por isso vamos manter a fantasia viva… Encante-se com este vídeo:
Feliz Natal⭐🌟✨
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