Hoje comemora-se o Dia Internacional da Preguiça, com o objetivo de lembrar que o descanso é importante para o bem-estar da pessoa.
Mas este dia lembra também uma das queixas mais comuns dos pais (e também dos professores): “O meu filho/a, aluno/a é tão preguiçoso/a”. Sendo que a preguiça pode nem estar relacionada com o facto de acordar tarde, pode ser preguiça de estudar, de fazer as tarefas de casas, de sair, de se relacionar com outros, até de comer. Ou seja é um comportamento que preocupa os pais pois tem consequências em diversos contextos que vão desde a socialização, passando pelo desempenho escolar, até às relações familiares.
À partida a preguiça (ou ausência de vontade de fazer algo) não nasce com a pessoa. É um hábito que se forma em determinada época ou situação e que necessita de ser enquadrado. Por isso, quando se deteta "preguiça" nos filhos, nos alunos, deve evitar-se usar o rótulo. Primeiramente porque crianças ou adolescentes, enquanto seres em construção, quando rotulados, passam a acreditar e não se reconhecer além desse estigma, procurando (ainda que inconscientemente) corresponder ao que dizem deles, limitando o seu potencial de experimentação.
Por outro lado podemos nem estar a falar de preguiça e sim de procrastinação.
Apesar de serem semelhantes, estes conceitos são distintos, e é necessário entender cada um deles e os seus gatilhos.
Procrastinar é deixar para depois, adiar a realização de alguma tarefa e a maior diferença em relação à preguiça é que, do ponto de vista psicológico, a procrastinação está relacionado com a regulação emocional. Já a preguiça é uma questão mais geral, então, a criança ou o adolescente preguiçoso vai ter essa postura para tudo. Ou seja, quem procrastina faz diversas coisas no lugar do que deveria estar a fazer, ao contrário de alguém que é preguiçoso ou desorganizado, que simplesmente nada faz.
Todos nós nascemos com o impulso de procurar o que é mais prazeroso a curto prazo, além de que também procrastinamos quando não quereremos lidar com algo. Às vezes, temos que fazer uma tarefa que até gostamos, mas se isso representar algo que nos traz desconforto ou angustia, vamos acabar por fazer outras coisas primeiro. O mesmo acontece com muitas crianças e jovens que procrastinam, sendo estas, as causas mais comuns:
⚠ Não gostam da atividade proposta
⚠ Não sentem necessidade de executar a tarefa
⚠ Preferem fazer algo mais estimulante
⚠ A tarefa traz sentimentos de insegurança ou angústia
⚠ Têm medo de errar
⚠ Não se sente competentes para realizar a tarefa
⚠ A tarefa exige tempo demais
⚠ Quando não cumprem a tarefa não há consequências
⚠ Problemas físicos ou doenças (depressão, por exemplo)
Entender o que gera o gatilho da procrastinação e ajudá-los a mudar o comportamento e as atitudes, é bem mais proveitoso do que criticar e um ótimo caminho para superar a dificuldade. Conheça algumas dicas para que, enquanto pai, mãe ou professor, possa lidar melhor com a procrastinação das crianças e dos jovens:
• O exemplo é fundamental para evitar a procrastinação: Pais e familiares são tomados como modelo, por isso a melhor maneira de evitar a procrastinação é pela conversa e com exemplos palpáveis. A realização de acordos, que envolvam horários e responsabilidades de cada um, ajuda nessa visualização. Famílias que têm dificuldade em organizar e cumprir esses planos muitas vezes identificam que são compostas também por adultos procrastinadores, confirmando a questão do exemplo.
• Procurem ajudar a criança e o jovem a compreender que a melhor estratégia para começar é mesmo começar;
• Proponham que comecem pela parte mais fácil e agradável da tarefa;
• Eliminem fontes distratoras (telemóveis, televisão…);
• O uso de checklists ajuda a elaborar e dar noção da quantidade e obrigam a sequenciar. Permitem saber exatamente por onde começar, o que motiva para iniciar a tarefa.
• Ensinar a avaliar os prós e contras: a criança e o jovem devem aprender a considerar o que irão ganhar ao completar determinada tarefa, o que ganharão em terminá-la a tempo e que consequências haverá se isso não acontecer.
Conversar, identificar os sentimentos, entender os comportamentos e estimular novas formas de lidar com as situações são fundamentais para a relação e para o desenvolvimento da criança e do adolescente.
Lembre-se, as crianças e os jovens têm toda uma trajetória para mudar hábitos e comportamentos, precisam é de apoio, orientação e amor.
Os processos de coaching infantil e juvenil, focando-se na definição de objetivos concretos e orientados para a mudança de comportamentos, levam a criança e o jovem a assumirem responsabilidade pelas suas ações, geram autonomia e contribuem para melhorar a autoestima e a tomada de decisão de cada criança e jovem. Saiba mais como podemos ajudar.
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